Compreendo e aceito que, como um ocidental, jamais compreenderei tudo que se passa à minha volta.
Como uma linguagem, na qual sou analfabeto e que raramente dá para perceber o erro cometido.
Quem começa a reparar nos nuances dos sabores encontrados numa sopa de miso, ainda está longe de entender a sutileza que se aplica a praticamente tudo.
Um gesto, uma expressão, por menor que seja, por mais desprezível que possa parecer.
Minha sensação é que estou sempre usando uma marreta para prender uma tachinha, numa peça delicada, e que diante dos pedaços partidos, não compreendo o que aconteceu.
Separei um trecho de um livro, chamado ‘Pictures from the water trade’.
(‘Water Trade’, é a tradução inglesa de 'Mizu Shobai' (Negócio d’água) , uma forma vulgar de chamar a vida noturna japonesa, com todos seus prazeres.)
“Construir uma pergunta em japonês é uma arte, um instrumento a ser manuseado com delicadeza e cuidado. Uma pergunta direta fora do momento, pode se mostrar bastante destrutiva, meramente em virtude de sua forma. Perguntas diretas (com exceções daquelas na vida profissional e nos negócios) não são apreciadas. Uma pergunta típica se parece mais com uma isca, que em um tribunal de justiça seria desqualificada como sugestiva, cheia de armadilhas, e de fato, parece com tudo, menos uma pergunta. A pessoa para quem foi feita a pergunta, poderia assim ser processada, pela grave acusação de compactuar com a pessoa que fez a pergunta; sendo assim, quase um acessório à resposta, no caso, não o vilão principal. Teria meramente conspirado ao responder.”
John David Morley, Pictures from the Water Trade
sexta-feira, 11 de julho de 2008
A arte da sutileza
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