quinta-feira, 10 de julho de 2008

Bicicletas e scooters


Uma coisa que chama bastante a atenção para olhos forasteiros, é a quantidade de bicicletas e scooters. As scooters são a menina dos olhos das grandes montadoras como Suzuki e Yamaha, que lançam modelos mensalmente, cada vez mais preocupados em agradar os jovens compradores.

Mas com tanta bicicleta, é de se esperar que o trânsito as vezes fique caótico, não é mesmo?
Aí é que você se engana.
As leis para o ciclista são tão rígidas quanto para os motoristas, e recentemente foram reformuladas.

As bicicletas são obrigadas a trafegar no acostamento, apenas podendo subir na calçada quando o trânsito for perigoso. Assim mesmo, só naqueles locais aprovados e sinalizados por placas.

Luz dianteira (dínamo) é obrigatório também.

Vi alguns guias impressos, sobre como se evitar acidentes ao passar da rua para a calçada e vice-versa. Coisa de japonês...

Pela lei, as crianças são obrigadas a usar capacetes, e o uso de guarda-chuvas está proibido sem o devido porta-guarda-chuvas (?), que deixa o ciclista com as duas mãos livres.

Cadeirinhas para crianças é só na frente.

O infrator primeiro recebe uma advertência, depois é multado.
E a multa é pesada, 20.000 ienes (mais ou menos 200 dólares) e vai subindo com as seguintes.

Também é proibido pedalar usando fones de ouvido ou celular.
E o ‘trimtrimtrim’ que apesar de bonitinho, irrita, também deve ser evitado.

E quem pensa que as bicicletas que trafegam em qualquer rua japonesa são da última geração, não é bem assim. A bicicleta mais comum de se ver, é o que chamam de mamachari (uma espécie de bicicleta de 'mãe').


Com sua cestinha frontal para guardar as compras e quase sempre um assento para uma criança pequena atrás. Mas não são apenas as mães as únicas usuárias, todo mundo parece ter uma, de engravatados preocupados em chegar no escritório, até jovens descolados.
Nem marcha tem, são modelos antigos, algumas com freio-pedal.
Mas não se iluda, apesar de não serem vistosas (são utilitários, e não objetos do desejo), são coisa séria, existem inclusive empresas que faturam bem na reciclagem delas.

Bicicleta tem seguro (basta registrar na loja em que comprou e caso seja roubada, recebe outra igual), apesar de não ser tão comum o roubo, mas não vi nenhuma de cadeado ou corrente.
Também há o seguro contra acidentes, caso se machuque ao cair, ou seja atropelada por uma.

Já viu um estacionamento vertical de bicicletas? Existe, e guarda quase 20 mil ‘magrelas’ em quatro andares, com só dois funcionários. É todo automático. O sujeito ganha um cartão magnético ao entrar. O funcionário põe a bicicleta num trilho e ela é levada por elevador e encaixada dentro de estruturas semelhantes a uma espinha de peixe. Para pegar de volta, basta passar o cartão pelo leitor e esperar 5 minutos. Custa 1,50 a hora.

Caro né?

E não se chama de bike. Bike ou baiko, é motocicleta.


Bicicleta é ‘jitensha’.

Aliaís, meu primeiro mico no Japão (sim, o primeiro de muitos), foi perguntar pra minha guia japonesa, se as bicicletas deixadas no estacionamento gratuito (nas grandes cidades existe sempre um, perto das estações de metrô), eram liberadas para uso de qualquer pessoa, pois não via ninguém se preocupando em colocar tranca ou corrente.

Ela olhou pra mim com estranhamento e respondeu: ‘Não. Tem dono né!’
‘Mas ninguém coloca cadeado?’
‘Tem gente 'ki roba'. É pouco, né. Mas ‘roba’.
‘Mas então não era melhor usar cadeado?’

Ela até agora não deve ter entendido muito bem o porquê da pergunta.
Baka Gaijin! (estrangeiro estúpido!)

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