segunda-feira, 7 de julho de 2008

Cumbica-pearson-vancouver-kansai


Aprendi que viagens longas, tem algo de prova de Iron Man.
Decididamente, não é para fracos.

Prepare-se fisicamente e mentalmente para viver dentro de aviões e enormes aeroportos por dias, revezando-se em provas de espera e corrida.
Entre na fila do check-in, que se estende por mais de 50 metros, uma hora antes da abertura, que é normalmente três horas antes do embarque, que é uma hora antes do seu vôo.
Ponha ai, duas horas de pé no barato.
Mas divirta-se observando as manadas de estudantes em intercâmbio, Disney ou coisa semelhante.

Falei do estresse de ter a mala extraviada e da alfândega? E passar pelo detector de metais?
E não são apenas os vôos, cansativos e longos, o desconforto dos assentos, a ressequidão do ar condicionado, o confinamento prolongado e conseqüentemente a perda da noção das horas e as atividades costumeiras e básicas que ficam embaralhadas, como comer, dormir, etc.

Mas o pior mesmo são os aeroportos. São feitos para acomodar multidões!

Imagino que em uma catástrofe de grandes dimensões, as pessoas devem ser alojadas temporariamente nos aeroportos.

E todos eles, sem exceção, atendem a uma máxima: O seu portão de embarque é sempre o ponto mais distante quando você descobre onde ele fica.

Se não bastassem quilômetros de corredores, ainda existem os andares, vários.

Ir do ponto A para o ponto B, em alguns aeroportos, requer GPS e fôlego de maratonista.
Junte a isso, a necessidade urgente de realizar o percurso em um tempo X, que permita que você alcance o ponto B à tempo para o embarque.

Com isso, a prova de Iron Man ganha aspectos de Enduro. Será que a gente chega lá a tempo?
OK, você tem 8 minutos pra ir até o portão 27, atenção... já!

Malas, alfândega, xixi, café, jornal, revista, (telefonar para casa nem pensar...) e alguns minutos perdidos no posto de informação.
E que informações!

Uma mocinha simpática em Toronto me disse assim (numa mistura de francês, inglês e o dialeto das marmotas do norte):
‘Você tinha que ter entrado pelo portão E (100 metros atrás), descido o corredor da esquerda até o fim, pego um dos elevadores à esquerda, saído no terceiro andar, passado entre os hare-krishnas e driblado os indianos, pego a esteira à direita, subido um andar de escada rolante e logo à frente você veria o seu portão (uns cinqüenta metros depois).’
Fácil!
Não estou exagerando. É assim mesmo!

E os mapas de orientação? Fazem você querer chorar feito uma criança, pedindo sua mãe.

Chega a um ponto, que você se pergunta, se vale a pena aquilo tudo.
Mas é uma pergunta sem resposta, pois nesta altura, desistir e voltar não é mais uma opção.

No aeroporto de Vancouver, vi vários carrinhos elétricos à disposição. Ficam estacionados nos pontos de recarga. Existe uma indicação dando preferência para pessoas idosas ou com dificuldade de locomoção.
No meu caso, serviriam as duas.

O aeroporto de Toronto parece uma versão maior do novo Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com suas imensas áreas abertas, estruturas expostas e utilizando o máximo da luz natural.
Já o de Vancouver é bem diferente, não diria bonito, mas nota-se uma preocupação extrema com detalhes artísticos, seja pelas esculturas (muitas), que o fazem parecer uma imensa galeria de exibição de arte nativa (inui), os detalhes nos acabamentos, no design do mobiliário, os ambientes como os pequenos lounges, nichos para repouso e uso de telefone, banho, etc.
Vale a pena conhecer os banheiros, sério, todos de madeira maciça, me impressionaram pelo trabalho de marchetaria, como eu nunca tinha visto antes, em tal dimensão.
O tratamento acústico é uma preocupação óbvia, e a iluminação também é outra sofisticação que não passa despercebido para olhares mais atentos, uma instalação mais interessante que a outra, como se competissem em originalidade.
O efeito total não é uniforme, coeso, mas é rico e interessante.

Pronto! Virei comentarista de aeroporto... mas sempre pensei que todos os aeroportos eram iguais e acreditava que fosse proposital, ao menos eu pensava, mas este aeroporto de Vancouver me faz pensar que não é necessariamente assim.

Ah sim, em um dos muitos terminais do aeroporto de Vancouver há um salão com um aquário de uns vinte metros de altura, muito lindo mesmo, com recifes, plantas enormes e peixes coloridos.
Na correria para chegar ao portão do vôo para Osaka, nem foto tirei.

É lógico que se você estiver com pressa para não perder a conexão, ou estiver pregado por uma longa viagem, não vai perceber nem um décimo do que está lá. Seria o caso de uma visitação mais demorada, sem compromisso.

Na verdade, os aeroportos modernos se transformaram em grandes complexos de compras e lazer, com seus duty-free, lojas de conveniência e de griffe, hotéis, exposição de artes, restaurantes, em vários andares, onde se pode até, comprando uma passagem, ir à alguma parte de avião.

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