Alguns assuntos eu preferiria não comentar, não por zelo moral, mas para não alimentar estereótipos.
É como aquele cara que vai pro Japão e quando volta, passam a chamá-lo de samurai e perguntam logo se ele ‘comeu alguma gueixa’.
Mas também não dá pra deixar de falar sobre outros assuntos, que precisam ser desmistificados.
Então senta que ai vem a lição...
O Japão é amplamente conhecido pela quantidade generosa de ameaças naturais.
São quase 200 vulcões, sendo que 80 estão em atividade.
Tufões são 15 a 20 por ano, terremotos são diários (já li que passam de mil por ano).
Daí, muita coisa passa desapercebida ao olhar de um gaikokujin (gaijin, forastero).
Outras não.
Já falei dos telefones no banheiro, não? E das lanternas?
                                                                                                                                                                                                                                                        Outra coisa que você se acostuma são lanternas. Todo lugar tem uma lanterna te esperando.
Lanterna elétrica, de pilha, solar ou de dínamo, vi mais lanternas do que extintores de incêndio.
O exercito japonês é rotulado de exército de auto-defesa e entre outras coisas, fazem treinamentos sobre prestação de socorro e evacuação de emergência, ensinando a população como agir em situações críticas.
Minha guia japonesa me disse que é bem comum se guardar água em casa, pois apesar de quase toda água encanada no Japão ser potável, o sistema pode ser cortado e as fontes serem poluídas, em uma catástrofe ou ataque terrorista.
Mas é difícil pra gente entender o que é ser treinado, desde pequeno, em casa, na escola, sobre como se comportar em uma situação de emergência, sobre como agir, o que fazer e principalmente o que não fazer.
Encontrei um pequeno guia no lobby de um hotel, bem ilustrado, em inglês, espanhol e mandarim, que pretendia servir de noções básicas para o turista.
Em caso de terremotos, não sair de casa; procurar proteção sob uma mesa (de vidro não, por favor!), não andar descalço (por conta de cacos de vidro), usar um capacete anti-desastres (que nada mais é que um travesseiro na cabeça e amarrado debaixo do queixo).
Toda cidade tem um abrigo, ou mais de um, e todo morador deve saber onde fica.
Nas lojas, ficar longe das prateleiras, na rua, evitar ficar perto de prédios grandes por causa dos vidros.
Caso se machuque, procure cuidar primeiro de você antes de ajudar os outros.
Usar películas adesivas nas janelas de casa, para evitar que o vidro se parta em fragmentos.
Não usar telefone (para não congestionar as linhas), ficar atento ao rádio e na televisão.
A velha obviedade japonesa...
Talvez não seja exatamente uma tendência para o óbvio, mas uma necessidade de ser sempre minucioso, nos mínimos detalhes. Um amigo comentou sobre isso, dizendo que era uma característica herdada pelos anos escrevendo manuais de aparelhos eletrônicos.
Esta brochura era uma obra prima.
Dizia por exemplo para evitar olhar pela janela durante um tufão, ou se você ficar preso nos destroços, grite.
Se estiver dirigindo um carro, pare e desligue o motor.
Não saia correndo pela rua. Se precisar sair, saia vestido e calçado.
    
Ah sim, o kit de emergência é mais ou menos igual a minha mala de viagem, com exceção dos vasilhames de água. Comida, remédios básicos, cópia de documentos, dinheiro de reserva, lanternas, pilhas, capas de chuva, velas, roupas, fósforos, luvas, canivete, sacos plásticos e material de higiene.
No meu segundo dia em Tóquio, fiquei sabendo que ocorrera um terremoto na noite anterior, ao norte. (Como eu disse, são diários, já foram registrados 200 em um final de semana!)
Não percebi. Acho que dormia.
domingo, 20 de julho de 2008
Terremotos, tufões, vulcões e tsunamis. Quer mais?
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