sábado, 19 de julho de 2008

A morte à maneira japonesa


Os japoneses também fazem suas ofertas aos mortos em casa, em santuários domésticos, conhecidos como butsudan.
O respeito e veneração aos mortos é tão presente que se harmoniza com outros aspectos da vida japonesa.
É comum, por exemplo, que grandes empresas como Sony, Panasonic, Mitsubishi, possuam seus próprios mausoléus, onde pode-se pedir por prosperidade nos negócios, prevenção de acidentes de trabalho e o reconhecimento da preferência do consumidor.

Isso se deve as empresas adotarem um comportamento semelhante ao que era encontrado no Japão feudal, entre daymios (gerentes) e soldados (funcionários), para sobreviver no mundo dos negócios através da inserção de aspectos religiosos.

A ideía da morte para eles é diferente da nossa.

A morte, tanto para chineses, japoneses, tibetanos e indianos, influenciados pela cultura budista, é ocasião de júbilo. O budista chora quando nasce uma criança e ri quando se vai um morto.
No cotidiano, a morte é um 'assunto' budista, assim como o nascimento é xintoista e o casamento católico. O lado pragmático do japonês fala alto nesta hora.

O funeral budista muda um pouco, de acordo com a região, mas alguns aspectos são notáveis.

Vi documentários sobre funerais budistas e já li a respeito. Confesso que tenho curiosidade (mórbido eu?) sobre o assunto, principalmente esta relação com o espírito do(a) falecido(a), que é bastante diferente do comportamento cristão que estou acostumado.

Como no ocidente, a pomba do funeral, ou a inexistência dela, depende da condição financeira da família e conseqüentemente, de seu status social.
O responsável pelos preparativos tradicionalmente fica por conta do filho mais velho, que irá escolher o dia da missa, o tipo de altar, a comida e presentes para os convidados, tipo do caixão, as flores e tudo mais. Também igual ao ocidente, os parentes se vestem de preto.

Dentro do caixão seguem um quimono branco, sandálias, dinheiro de papel (para pagar a travessia por rio dos três infernos) e uma bandagem de cabeça branca, com um triangulo no centro. Alguns outros itens como cigarros e doces de preferência da pessoa.

Recepcionistas ficam à porta para receber os convidados. Cada convidado assina seu nome em um livro de registro e entrega ao membro mais velho da família, o koden (dinheiro de condolência, dentro de um envelope especial, preso com fita preta).

O valor depende da relação do convidado com a pessoa morta ou com a família, e estará escrito do lado de fora e também é registrado no livro junto ao nome do convidado.

O funeral ocorre no dia seguinte, quando o corpo segue para um templo, onde é colocado em um altar. Um monge escreve em uma tábua de madeira, o nome pós-morte do(a) falecido(a), e o coloca em frente ao caixão.
Os parentes podem oferecer homenagens pela última vez, como flores, antes do caixão seguir para o crematório.

Normalmente os parentes seguem para casa para aguardar a hora de voltar para receber os restos. Uma chave, que simbolicamente fecha o crematório é ofertada ao membro que representa a família.

Em algumas regiões, a família faz um caminho diferenciado para casa, prevenindo que o espírito os siga. Uma refeição especial espera os familiares em casa e pessoas mais próximas.

Na hora marcada, os familiares voltam ao crematório e ficam de frente para a bandeja com os restos mortais. É dada aos familiares a oportunidade de escolher os ossos, que serão guardados.
Um atendente do crematório os ajuda na tarefa indicando os mais importantes.
Os membros da família selecionam os ossos com pauzinhos, colocando-os na urna.

Esta tarefa explica o por que, quando duas pessoas ao se alimentar, quando pegam o mesmo pedaço de comida com os pauzinhos, ambas devolvem aquele pedaço.

Quando a urna está cheia (as vezes são usadas duas urnas, onde uma fica no templo e outra no altar em casa) ela é coberta e amarrada com panos brancos e mantida assim por 49 dias.

Uma vez que a urna esteja no túmulo, seguem-se as missas em memória, que consistem em visitas aos túmulos.

No budismo a morte é mais do que uma oportunidade para reflexão, a palavra 'morte' para o budismo significa, 'aquele que vai nascer'.

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